Infidelidades nem sempre correm bem...
Aqui há uns tempos uma amiga minha decidiu dar uma "facadinha" no matrimónio e eu uma "machadada" numa união de facto. Isso de não cobiçar mulher alheia (ou vice-versa) é tudo pecados de treta que não interessam nem ao Mafarrico. Tal como a galinha da vizinha ser melhor que a minha nesta época de frangos assados em churrascarias de "take-away". Aproveitámos uma altura em que as nossas caras-metades se encontravam bem longe além-fronteira e combinámos o dia do encontro romanticamente clandestino. Um pôr-do-sol soberbo no início da Primavera de uma tarde de calor q.b. era o ambiente perfeito para a fuga à rotina. Como afirmou o rei D. Carlos ao bispo seu confessor "nem sempre rainha nem sempre galinha". Não sou monárquico mas concordo com ele...
Acertámos a hora de chegarmos à porta do meu prédio via telemóvel e logo nos escapulimos pelo elevador...(não interessa o andar...). Chegados a casa deixámos os entretanto de lado e partimos rapidamente para os finalmente. Como convém nestas alturas. Ainda o pecado, segundo as sagradas escrituras, estava longe de ser consumando quando ouvimos na rua um estrondo enorme. Debruçados na janela depará-mo-nos com uma cena mais preocupante que o "Crime e Castigo" do imortal Fiódor Dostoiévsk.
Ela, com a pressa que ninguém a visse, deixou o carro mal travado e a malvada da viatura deslizou pela rua abaixo e foi enfaixar-se nos automóveis de dois vizinhos meus. Por sinal meus amigos. A mania da curiosidade que está bem impressa no ADN do povo português despejou na rua um mar de gente acabada de sair dos empregos e até a Polícia que nunca vi nos inúmeros assaltos aos estabelecimentos da minha zona apareceu em menos de dois minutos.
Despidos, olhámos um para o outro tentando convencer-nos que "aquilo" não estava a acontecer, mas descemos novamente à Terra quando ouvimos o som sibilante da sirene da ambulância dos bombeiros. Eu comecei a disparatar contra toda aquela movimentação e ela a tremer mais que o Japão nestes últimos dias. A grande complicação em toda esta cena é que ela em vez de trazer o carro dela tinha trazido o carro do marido e ele quando regressasse iria perguntar-lhe o que andava a fazer aqui pelas minhas bandas.
Bom, nada a fazer. Havia que enfrentar este percalço já com a certeza absoluta que todos estes azares iriam dar bronca.
Desci, a malta conhecida começou a cumprimentar-me, depois viram-me com ela e toda a gente começou a desconfiar que ali havia gato escondido com "saias" de fora. Ela foi interrogada pelas autoridades, fez o teste do balão, ah pois !, deu quase zero porque iniciáramos a farrazita há pouco tempo, os meus amigos cujos carros tinham sido abalroados pelo dela perguntaram-me quem era a "febra" antes de começarem a preencher a papelada do seguro amigável (pois sim...), o dono do café e o dono do talho gozavam comigo "malandro, foste descoberto...", o condutor da ambulância conhecia-me e só a queria enfiar lá dentro depois de comentar com ar rufia "ena, que grande gaja" e para fim de festa só faltava aparecer um tipo gago a quem eu pagava uns copos de vez em quando a balbuciar "e...e...e...ena q...q...q...que...bô...bô...bô...boa..." e um conhecido meu a dar-lhe uma palmada para ele se calar.
Ela separou-se logo depois que o marido regressou lá do "fim do Mundo" e nunca mais a vi em carne e osso.
Eu por cá continuei na mesma...de "união de facto" em "união de facto". Factualmente...
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