Powered By Blogger

sábado, 29 de novembro de 2014

Uma ANA de nome RITTA

A Ana Ritta
Não é só bonita
Com aquele ar
De fazer sonhar
Ela é latina 
Senhora escultural
Uma face ladina
E beleza natural
Os seus olhos falam
De uma alma fascinante
E o andar ondulante
Quantos segredos calam 
Admira-se a figura
A personalidade e o talento
A doçura feita ternura
De estrela ao  relento

(Obrigado por existires!)


quinta-feira, 3 de outubro de 2013

TAZIO NUVOLARI uma lenda imortal das corridas

“O melhor piloto do passado do presente e do futuro” - Ferdinand Porsche

Uma lenda viva, ficou conhecido como Il Montavani Volante, O Mantuano voador. Resumiu a coragem e ousadia e durante 30 anos espantou o mundo da competição com suas façanhas em duas e quatro rodas.
Nasceu a 18 de Novembro de 1892, em Casteldrio perto de Mantua. Seu tio Giuseppe, era um antigo campeão em motociclos, era também um distribuidor da Bianchi, ele irá introduzir no seu sobrinho o gosto pelos desportos motorizados.
Serviu no exército italiano, onde conduzia as ambulâncias da Cruz vermelha, camiões e carros de oficiais. Um dia, enquanto conduzia, saiu da estrada. O oficial que o acompanhava disse: "Presta atenção, esquece a condução, tu não foste talhado para esta profissão".
Começou a competir em motociclos mais seriamente quando já tinha 28 anos. Correu com Nortons, Saroleas, Garellis, Fongris e Indians. A sua pilotagem foi observada pela poderosa equipa da Bianchi que o contratou, provaram ter feito uma excelente aposta, Nuvolari seria Campeão Italiano. No grande prémio de Monza para motociclos teve um acidente durante os treinos. Isto resultou em duas pernas partidas. Após os médicos lhe terem engessado as pernas aconselharam-no a deixar de lado as corridas de motas pois, nem andar poderia, durante um mês. No dia seguinte, começou a corrida fazendo-se amarrar à sua própria mota. Pediu aos seus mecânicos que o segurassem na partida e que o agarrassem à chegada. A lenda de Tazio Nuvolari começou nesse dia, quando ele ganhou a corrida.
Nuvolari começou a correr em automóveis em 1924, já com 32 anos de idade, competindo ainda em motociclos. Em 1927 fez a sua própria equipa, comprando um par de Bugatti 35Bs que compartilhava com o seu sócio e amigo Achille Varzi, que era também um piloto de motos bem sucedido. Esta parceria irá transformar-se mais tarde numa intensa rivalidade que alimentará muitas histórias. Nuvolari começou a ganhar corridas a Varzi, que insatisfeito por não estar a vencer abandona equipa. Varzi, era filho de um rico comerciante, como dispunha de mais recursos para melhor equipamento vai comprar um Alfa P2. O Alfa P2 era o melhor carro da altura. Com ele vai levar a melhor sobre Nuvolari. Ciente que era impossível bater os P2 assinou com a Alfa Romeo em 1929 e foi, uma vez mais, um dos companheiros de equipa do seu, agora, grande rival Varzi. As Mille Miglia de 1930 irão ficar na história quando Nuvolari surpreendeu e ultrapassou Varzi ao aproximar-se dele sem utilizar os faróis durante a noite. A três quilómetros da meta apareceu de repente ao lado do Varsi, que não compreendia de onde ele tinha surgido, a sorrir para o seu companheiro de equipa acendeu os faróis e acelerou para a vitória.
Em 1932 o poeta Gabriele D'Annunzio vai presentear Nuvolari com um pequeno emblema, uma tartaruga em ouro, e com a seguinte dedicatória: "Para o homem mais rápido do Mundo, o animal mais lento". Tazio considerou esta pequena peça como um amuleto de boa sorte, que passara a usar espetado na sua camisola, e também como o seu símbolo.
Para o Targa Florio de 1932 pediu a Enzo Ferrari um mecânico que pesasse tão pouco ou menos do que ele. Nuvolari olhou para o mecânico, novo e inexperiente, que Ferrari lhe tinha dado e advertiu-o que quando se aproximassem de uma curva particularmente difícil ele o avisaria para se baixar de modo a que ele não se assusta-se sem necessidade. Após a corrida e outra vitória para Nuvolari, Ferrari perguntou ao mecânico como tinha se tinha desembaraçado. "Nuvolari começou a gritar na primeira curva e terminou na última," respondeu o jovem. "Não vi nada, passei a corrida toda no fundo do carro."
Em 1933 alcança onze vitórias, entre elas o GP da Tunísia, as Mille Migllia, o circuito de Alessandria e de Eifelrennem, o GP de Nimes e as 24 horas de Le Mans, Perderá no Mónaco para Varzi num verdadeiro duelo de gigantes, numa das suas melhores prestações de sempre, mas esta corrida ficará para ser descrita noutro local uma vez que foi Achille Varzi o vencedor. Nesse ano desentende-se com o director da equipa, Enzo Ferrari, estava convencido que poderia ganhar mais dinheiro e parte para a Maserati.
1933 também o viu viajar para a Irlanda do Norte para participar na corrida Tourist Trophy onde conduziu um MG K3 Magnette Supercharged. Nuvolari viu o seu carro pela primeira vez logo após o pequeno almoço na primeira manhã de treinos. Os princípios básicos da caixa Wilson foram-lhe explicados numa mistura de gestos com umas palavras Italianas, a caixa tinha um pré selector que trocava as relações, este era operado por um quadrante, avançado e recuado, colocado numa extensão sobre a caixa. Não havia nenhum interprete e Nuvolari não sabia uma palavra em Inglês. Passados uns minutos ele subiu para o carro juntamente com o mecânico que lhe tinham disponibilizado, o inglês Alec Hounslow, e partiu. Às onze e trinta da manhã do mesmo dia, depois de ter gasto oito jogos de pneus, (durante a prova só gastaria dois) Nuvolari parou nas boxes, por aquela altura já sabia tanto como qualquer outro sobre a forma de pilotar o MGK3.Após ter dominado completamente a corrida alguem lhe perguntou o que pensava dos travões do Magnette. Nuvolari respondeu que não podia dizer nada, pois para a velocidade que o carro atingia, ele não tinha tido a necessidade de os usar. Nuvolari só tinha tocado ligeiramente nos travões em Comber e Dundonald os pontos mais difíceis do circuito. Um jornal Inglês comentará na primeira página a sua vitória com a seguinte expressão: "O Mágico e o MG" a partir daí também ficará conhecido por Wizard (mágico/feiticeiro).
No final de 1934 as marcas que dominavam o circuito de GP eram a Mercedes e a Auto Union, Nuvolari pretende correr por esta última chega a fazer testes, mas alguns pilotos da AutoUnion opõem-se (provavelmente Stuck) e o compromisso não será assinado. Curiosamente a Auto Union contratará Achille Varzi, o grande rival de Tazio. Apesar da idade e da menor potência o único carro que ainda conseguia acompanhar os alemães, continuava a ser o velhinho Alfa P3, que nesse ano, conduzido pelas mãos de um outro grande piloto, o Françês Louis Chiron, tinha conseguido derrotar no GP de França os super favoritos Mercedes numa das melhores corridas de sempre de Chiron, mas também numa das últimas grandes vitórias do P3. Assim Nuvolari assinará as tréguas com Enzo Ferrari e em 1935 estará de volta à Scuderia Ferrari e aos comandos do Alfa P3.
1935 e o circuito alemão de Nurburgring marcará uma das derradeiras grandes vitórias do Alfa Romeo P3 e mais uma, senão a maior, das vitórias de Tazio Nuvolari. Pilotando um Alfa P3 fiável mas com menos 125cv e 30cv que os carros rivais, da Mercedes e Auto Union, o orgulho da nação e símbolo do poder alemão. Tazio pilotou sempre no limite e por vezes para além dele. Naquela que será posteriormente considerada "a melhor corrida de sempre".
Para a corrida, Mercedes Benz tinha cinco W25 de 455cv, pilotados por Caracciola, von Brauchitsch, Fagioli, Geier e Lang. Os quatro V-16 4.9L de 360cv da Auto Union eram pilotados por Varzi, Rosemeyer, Stuck e Pietsch. Ambos os carros, conseguiam ultrapassar os 280 Km/h. A Alfa Romeo tinha três históricos P3 3.8L 330cv. Comparados aos carros alemães, estavam ultrapassados, eram projectos com 3 anos, no entanto eram extremamente fiáveis. Os pilotos eram Nuvolari, Chiron, e Dreyfus. Os restantes concorrentes não podiam aspirara a nada, eram 3 Maserati da Scuderia Subalpina (Zehender,Etancelin e Siena), Balestrero com o seu Alfa Romeo privado, Taruffi com um Bugatti de 3.3L, Ruesch, Hartmann e Soffieti em Maseratis privados e von Delius e Mays em E.R.A 2L.
Á partida Nuvolari tomou o comando seguido de Carcciola, Fagioli e Brauchitsch, mas Caracciola ultrapassa-o e ganha 12 segundos, enquanto a nova promessa alemã Rosemeyer subia para quarto a frente Brauchitsch, Chiron, Brivio, Varzi, Taruffi, Lang e Geier. Na segunda volta já a ordem era Caracciola (Mercedes, 12 seg. à frente) – Rosemeyer (Auto Union) – Fagioli (Mercedes) – von Brauchitsch (Mercedes) – Nuvolari (Alfa Romeo) desce para sexto e Chiron (Alfa Romeo) sobe para quarto.
É então que, para espanto de todos, dois dos sempre fiáveis Alfa desistem quase de imediato, Chiron avaria no diferencial, e Dreyfus motor partido, Nuvolari ficava sozinho, sem equipa contra os nove carros alemães. É aqui que ele começa verdadeiramente a conduzir, ultrapassa Rosemeyer na 6.ª volta, von Brauchitsch na 7.ª, que recupera na 8.ª, na 9.ª apanha von Brauchitsch outra vez e ultrapassa-o bem como a Fagioli, na 10.ª ultrapassa Caracciola e assume a liderança. A multidão não podia acreditar no que via. Como era possível? Na 11.ª volta, a meio da corrida a tenção atinge o auge quando os quatro lideres Nuvolari, Caracciola, Rosemeyer e von Brauchitsch entram ao mesmo tempo para as boxes, a fim de reabastecer e trocar pneus. Agora a corrida estava nas mãos dos mecânicos e os da Mercedes eram tidos como os melhores. Enquanto, von Brauchitsch partiu em 47 seg, Caracciola 1 min 7 seg. e Rosemeyer 1 min 15 seg. O Alfa de Nuvolari permanecia parado, a bomba de gasolina avariou e carro teve de ser reabastecido à mão directamente dos bidões, enquanto Nuvolari gesticulava furioso. Enzo Ferrari tirará daqui uma lição, a partir daí a assistência Ferrari teria de ser sempre a melhor. Entretanto Nuvolari saí para a pista tendo perdido a eternidade de 2 min 14 seg. estava agora em sexto mas a conduzir como só Nuvolari sabia. Entretanto as condições tinham mudado e Stuck embaraçado com o piso molhado decide trocar de pneus. O líder temporário da corrida, Fagioli, pára para reabastecimento e mudança de pneus na 12.ª volta e perde 51 seg. e quatro lugares. É então que von Brauchitsch, fica com liderança, enquanto Fagioli e Rosemeyer perdem terreno com problemas na suspensão e na alimentação, respectivamente, Entretanto Nuvolari voava para recuperar o tempo perdido. Na 13.ª volta Nuvolari ultrapassa Stuck, Fagioli e Caracciola como se de pilotos inexperientes se tratassem, em piso molhado ninguém pilotava melhor que ele. Entretanto Rosemeyer tem de ir a boxe resolver o problema da ademissão e Tazio fica em segundo a 1 min 9 seg. de von Brauchitsch.
Começa aqui uma perseguição memoravel e tenaz. Ninguém, para além talvez de Varzi, descrevia curvas como Nuvolari, eram no entanto diferentes enquanto Varzi primava pela perfeição técnica, Nuvolari tinha uma habilidade inata, fundia-se com a sua máquina, carro e piloto eram um só, parecia que ele conseguia sempre conduzir naquela tune linha que define o limite. Em piso molhado parecia estar sempre para além dele. Enquanto von Brauchitsch desgastava os pneus tentando manter a liderança, Nuvolari ganhava-lhe segundos atrás de segundos (nas boxes mostravam aos pilotos os tempos a aproximarem-se) Nuvolari já só estava a 43 seg. Von Brauchitsch responde com uma volta feita à média de 130 Km/h, notável para a altura em piso molhado, nessa volta tinha ultrapassado por vezes os 280 Km/h, mas Nuvolari, mesmo não dispondo de tanta velocidade de ponta, faz melhor e ganha-lhe 11 seg, já só está a 32 seg. Entrada para a 21.ª volta, só falta esta e mais uma para o fim, von Brauchitsch, responde, ganha 3 seg. tem 35 seg. de vantagem. Nuvolari durante a consagração oficial Mas o germânico irá pagar a sua ousadia de tentar responder à pilotagem de Nuvolari. Nunca tivera a gentileza de Varzi ou a habilidade inata de Nuvolari a pilotar, nem o discernimento de Caracciola para saber isso. Travava e desgastava os pneus violentamente. Última volta, em Flugplatz, a 8 Km da meta, Nuvolari está a 30 seg., em Adenauerforst a diferença é 27 seg, em Karussel menos de 200m separam o carro vermelho do prateado. Nos altifalantes os comentadores gritam entusiasmados. Apesar de Nuvolari se aproximar impiedosamente, a vitória do alemão ainda parece possível, então subitamente, ...o silêncio. Momento chave, o MB W25 de von Brauchitsch largando a tela do pneu O pneu esquerdo traseiro, não tinha aguentado tão maus tratos e desfazia-se pela pista, o carro ziguezagueava enquanto von Brauchitsch tentava manter o controle da sua máquina a mais 150 km/h , Triste e desapontado vê Nuvolari desaparecer para a vitória no seu Grande Prémio perante uma multidão de 300.000 incrédulos.
Inesperada também será a classificação final, Stuck em 2.º, Caracciola 3.º, Rosemeyer 4.º e von Brauchitsch 5.º depois do seu pneu ter furado completamente. O autoritário aristocrata e filho querido do Reich irá esconder as suas lágrimas de desapontamento nas boxes, enquanto Nuvolari recebia os louros da vitória.
Tripoli 1936 Em 1936 teve um acidente grave durante os treinos para o GP de Tripoli mas escapou do hospital e apanhou um táxi para a corrida onde terminou em sétimo com um carro de reserva.
Nesse ano dois outros acontecimentos também farão história, O jovem Rosemeyer bate Nuvolari em Nurburgring, salvando o orgulho alemão de mais uma humilhante derrota em casa, às mãos do habitual carrasco, Nuvolari. Passado uma semana voltariam a encontrar-se na Hungria. Durante essa semana Nuvolari sofrerá violentos ataques, acusam-no de ter perdido faculdades, de estar velho, de já não poder suster o ímpeto de um piloto jovem e virtuoso, como era sem dúvida Rosemeyer, Comparam-no ao seu carro o Alfa P3 e ridicularizam ambos considerando-os obsoletos.
Na verdade, se em 1932/33 os Alfa Romeo P3 eram virtualmente invencíveis, em 1934 já essa situação tinha sido alterada a favor da Mercedes a que se juntaria a Auto Union, em 1935 eram obsoletos então em 1936 poderia dizer-se que eram os carros Germânicos que eram virtualmente invencíveis.
São estas pois as condições á partida para o GP da Hungria, que recebe o circo na sua linda capital, Budapeste, junto ao Danúbio, perante 100.000 espectadores, Não se esperava mais do que uma renhida, disputa entre o Campeão em título, Rudolf Caracciola - Mercedes, e o Jovem Bernd Rosemeyer - Auto Union, No ano anterior a Mercedes tinha dominado, ganhara 9 dos 11 maiores eventos de GP, Caracciola tinha sido o campeão merecido e incontestado. Neste ano só a Auto Union parecia à altura de discutir com a Mercedes a vitória Rosemeyer demonstrava ser um virtuoso e queria lutar pelo título, depois da sua vitória sobre Tazio em Nurburgring vingando a derrota alemã do ano anterior, quando todos já pensavam que a humilhação se repetiria, ele era agora novo ídolo, "wunderkindt", (jovem maravilha) era como lhe chamavam. Dizia-se que Nuvolari estava velho e que tinha finalmente encontrado o rival à sua altura. Na verdade Bernd Rosemeyer era excelente mas falecerá em 1938 ao tentar bater um recorde de velocidade, deixando muitas vitórias por alcançar. Ironia do destino, foi Nuvolari quem o substituiu na Auto Union.
Rosemeyer, von Brauchitsch, Caracciola e Nuvolari Mais uma vitória de Nuvolari nos EUA A bandeira caiu, dando a partida, imediatamente Rosemeyer voou para a liderança, seguido de von Brauchitsch, Caracciola e Nuvolari. Caracciola irá então assumir a liderança durante 16 voltas, mas irá desistir com uma avaria no motor, Entretanto Nuvolari precionava von Brauchitsch numa verdadeira guerra de nervos, enquanto Rosemeyer era o novo lider. von Brauchitsch que nunca primou pela calma cederá uma vez mais à pressão de Nuvolari. Entrará depressa de mais numa curva e fará um pião, Nuvolari evita o choque por milímetros e passa a segundo. A corrida estava a meio e agora Nuvolari já só tinha os olhos postos no seu jovem rival, diz-se que não tinha digerido bem a derrota em Nurburgring e que estava ansioso de desforra, que cada alfinetada que tinha recebido, após essa derrota, dizendo-lhe que se retirasse, eram agora o suplemento para os cavalos que lhe faltavam no motor em relação ao carro do seu adversário, não acredito, Nuvolari pilotava sempre para ganhar, em pista nada o movia para lá da vitória. Fosse como fosse, Nuvolari irá fazer uma condução extraordinária ganha tempo a Rosemeyer, volta a volta, segundo a segundo, metro a metro, parecia impossível mas o velho P3 aproximava-se da traseira do revolucionário Auto Union (na altura parecia um carro estranho, mas Ferdinand Porsche parece ter posto tudo no sítio certo muito antes do tempo, piloto á frente motor atrás, como podemos comprovar hoje), 200, 100, 50 metros sempre menos distância e à 33.ª volta Nuvolari estava colado na traseira de Rosemeyer, ultrapassa-o como se os carros tivessem as potências invertidas, não satisfeito afasta-se para a vitória 50, 100, 200m vingando com autoridade a sua derrota de à uma semana. O único piloto no mundo capaz de derrotar as Flechas Prateadas, tinha conseguido faze-lo novamente. Diz-se que nesse dia não era só Nuvolari que estava radiante, também aquele "velho" Alfa Romeo P3 vermelho, sorria de felicidade.
É também durante 1936 que participará em vários eventos nos Estados Unidos, espalhando admiração por todas as pistas, mas sentindo falta de uma competição mais renhida e de melhores máquinas, decide voltar á Europa.
Nuvolari e a equipa da Auto Union Nuvolari vencendo em Donington Após a morte de Bernd Rosemeyer em 1938, a Auto Union estava necessitada de um piloto capaz de dominar o seu carro de motor central. Por insistência do Dr. Ferdinand Porsche contrataram Nuvolari (como curiosidade refira-se que mais uma vez se vai cruzar com Achille Varzi como companheiro de equipa) que logo iria ganhar o Grande Prémio de Itália em Monza seguido do Britânico em Donington onde deixa os Ingleses mais uma vez em êxtase depois de nos treinos ter atropelado um enorme Cervo. De "The Wizard won once again" o mágico ganhou uma vez mais, será a notícia do dia seguinte. Mesmo às portas da II GG, vence o GP de Belgrado. Nuvolari vencendo em Monza Mais tarde Ferdinand Porsche prenunciará a celebre frase, Nuvolari “O melhor piloto do passado do presente e do futuro", que serviu de mote a esta crónica.
1939 marcará o início de um dos períodos mais negros da história da humanidade. Com o início da II GG as gloriósas batalhas que se travavam nas pistas de GP passam para os campos de batalha. Não era tempo para pensar em carros agora a preocupação era construir máquinas de destruição.
O dia 3 de Setembro em Belgrado, tinha encerrado uma época gloriosa da qual Tazio Nuvolari tinha sido a Estrela maior do firmamento.
Nuvolari segurando o volante do CisitaliaSomente a segunda guerra mundial pode parar Nuvolari, mas no final da guerra já com 53 anos retornou à competição. A 3 de Setembro de1946 em Turim, , na Coppa Brezzi, conduzindo um Cisitalia D46 fará mais uma vez uma demonstração do seu enorme talento e coragem. Quando ia em primeiro, o volante vai soltar-se da coluna da direcção. Nuvolari conseguirá dar mais duas voltas à pista segurando o volante com uma mão e a coluna da direcção com a outra, até ter de ir às boxes para as inevitáveis reparações, ainda terminou em décimo terceiro. Neste ano fará 19 corridas e conseguirá 3 vitórias.
Em 1947 fará só 6 corridas. Mas a idade e a doença, (sofria de asma agudo em resultado de anos a inalar os fumos que os escapes emanavam) começavam finalmente cobrar os seus direitos. No entanto nas Mille Miglia já com 55 anos fará mais uma daquelas brilhantes corridas que o transformaram num mito. Naquele ano a prova teria 1800 Km em vez dos tradicionais 1600, com o seu pequeno Cisitalia 202 Spider, Tazio, assumirá a liderança logo de início, lutando contra o cansaço, a doença e debaixo de intensa chuva e aí permanecerá até que, após uma paragem por causa de um ataque de vómitos, seguida de outra devido a uma falha da ignição e uma terceira e mais demorada para reparar o tejadilho que deixava passar a água da tempestade que se tinha abatido sobre a corrida, o deixa em segundo lugar. Cortará a meta em segundo atrás do fabuloso Alfa Romeo 8C 2900 Berlinetta de Biondetti.
Em 1948 fará 5 corridas, acabará em quarto numa, sétimo noutra não se classificando, nas restantes. No entanto uma das desistências - a XV Mille Miglia - será considerada por muitos como a última das suas grandes corridas. O Cisitalia que tinha sido especialmente preparado para ele partiu o motor durante os treinos e não pode ser reparado a tempo. Parecia impossível que Nuvolari conseguisse participar na corrida, mas um dia antes da partida Enzo Ferrari pôs-lhe a disposição um 166S. Tazio aceitou e no dia 2 de Maio, sem ter feito nenhum treino com o carro (a sua última corrida tinha sido a 14 de Setembro do ano anterior) apresentou-se á partida. arrancou como se fosse um jovem de 20 anos, contava 56. À passagem por Pescara estava à frente, em Roma tinha 12 minutos de vantagem, em Livorno 20 minutos, em Florença meia hora. A sua condução era irresistível, já ninguém acreditava que ele pudesse perder a corrida, mas infelizmente, não eram só os adversários que não conseguiam resistir à sua condução, o carro que Enzo lhe tinha cedido também não. Era um carro destinado a treinos, quase um carro de produção, não estava preparado para aquela condução. Primeiro o carro perdeu um pára-lamas, depois o capot do motor, depois os parafusos que seguravam os bancos (prontamente foram substituídos por um saco de laranjas), à passagem por Modena Enzo Ferrari pediu-lhe encarecidamente que desistisse, respondeu-lhe que preferia morrer ao volante a desistir, entretanto ficou sem travões e apresentava sinais evidentes de fraqueza cuspindo sangue e tossindo consecutivamente. Condizirá mais uns Kms sentado no saco de laranjas, utilizando só o travão de mão, mas mantendo-se sempre na liderança, por fim um pivot da mola da suspensão cedeu e pôs fim à condução verdadeiramente épica de Nuvolari, com o carro a arrastar pela estrada encostou na berma, foi retirado do carro por um padre da localidade e metido na cama. Merecia ter ganho esta corrida.
Em 1949 só correrá uma vez, quase simbolicamente, em Marselha onde só deu uma volta à pista e entregou o seu Maserati A6GCS a Piero Carini.
Retornou em 1950, para pilotar as suas últimas corridas. Esteve presente na volta à Sicília/Targa Florio (1.080Km) mas retirou-se com a caixa partida logo no início. A 10 de Abril, correrá o Palermo-Montepellegrino uma corrida de montanha, será a sua última vitória, vencerá a sua classe, pilotando um Cisitalia 204 Spider Sport projectado por Abarth, fará quinto da geral à frente de quase todos os outros carros da classe superior. Embora ele nunca tenha anunciado a sua retirada das pistas e das corridas esta será a sua última vitória e a sua última corrida.
Disse-se que queria morrer no desporto que tanto amou, mas este desejo ser-lhe-á negado. Falecerá a 11 de Agosto de 1953, 9 meses após ter sofrido, provavelmente, um enfarte ou uma trombose. Como era seu desejo foi enterrado vestido com o seu uniforme - a camisola amarela e as calças azuis.
Tazio Nuvolari Mais de 50.000 pessoas estiveram presentes no seu funeral. Enzo Ferrari à chegada a Mantua parou numa bomba de gasolina para pedir informações de direcção. Vendo a matricula de Modena e sem saber a identidade do condutor, mas sabendo a distância que este tinha percorrido para estar presente no funeral, o empregado da bomba murmurou, aquilo que seria um epitáfio à altura da grandeza de Nuvolari:
"Obrigado por ter vindo. Um homem como aquele não nascerá outra vez".

Ler mais: http://autosport.pt/tazio-nuvolari=f28621#ixzz2gg6Kt6Ou

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

"TOMASSAS" faz 14 anos

Em 11 de Setembro de 1999, às 21h35, nascia, sob a mesa da sala, o "Tomassas". Foi o primeiro de uma ninhada de três e depois de eu lhe ter pegado alapou-se à teta da mãe e por ali ficou durante horas e horas. O "Tomassas" é um "dandy", anda sempre impecavelmente cuidado e lustroso. É ciumento com os outros gatos e reclama do dono uma atenção (quase) permanente quando está acordado. É especialista em "turrinhas" e odeia que lhe cante a horripilante "atirei o pau ao gato..."

terça-feira, 27 de agosto de 2013

A PILA DO SPARTACUS



Spartacus é uma figura mítica da revolta dos escravos contra Roma. Vi o filme há muitos anos, com o inesquecível Kirk Douglas a interpretar o famoso rebelde, e soube, recentemente, que a Fox estava a passar essa história por episódios. 
Esta noite, num zapping casual, encontrei finalmente o Spartacus. Nem a propósito. Apanhei uma cena em que ele (acho eu que era o trácio) se levantava da cama e dizia para uma mulher nua com um ar de enjoada até ao tutano: "Senti as tuas ancas mexer. Acho que começas a gostar de sentir a minha pila dentro do teu corpo". 
Mudei de canal, não por moralismo mas por desinteresse destas retóricas de alcova, com a promessa que nunca mais gozo com os diálogos indigentes de séries portuguesas como "Pedro e Inês" ou "O Processo dos Távoras" ressuscitados pela RTP2.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

FÁTIMA; FUTEBOL, FADO E...



Os fundamentalistas politicamente destros  ou canhotos não vêem para além dos seus dogmas. E inventaram essa falácia de que no Estado Novo os três mandamentos do Povo (como há tantos porta-vozes dele que por aí proliferam...) eram o Fado, Fátima e o Futebol. Hoje em dia, uns tantos arautos dos denominados "indignados" bradam aos ventos que se voltou ao passado dos 3F. 
Santa ignorância. 
No anterior regime, o Fado chegou a ser proibido de se cantar de improviso, sem que as letras passassem pela Censura. O Futebol profissional não foi permitido pelo Estado Novo até finais dos anos 60. Fátima nunca foi consensual na Igreja e existiram dentro da mesma correntes de opinião díspares e contraditórias sobre a veracidade das aparições. 
Em suma, a tríade dos 3 F não passa nem nunca passou de um mito urbano que se usa quando se pretende distorcer a realidade. 
O Povo (como dá jeito esta palavra tão utilizada por candidatos a novos caciques de costumes e capatazes de ideias) não é parvo, não senhor. 
Quando existe qualidade na Cultura, ele, o dito Povo, larga o conforto dos sofás, o remanso do lar, a tarde na praia, a telenovela, o jogo de futebol, a peregrinação a Fátima ou uns fados na tasca mais perto de si (dele), e faz uma romaria à exposição de Joana de Vasconcelos, no Palácio Nacional da Ajuda, aguentando horas numa bicha e desembolsando uns euros tão preciosos em tempos de crise para admirar, gostar ou não gostar,  umas quantas obras de arte.
Afinal, o Povo (uff, se não fosse esta denominação tão politicamente usurpada) não é tão alienado e obtuso como destros ou canhotos da  política o pretendem qualificar. Dêem-lhe, isso sim, arte em todo o seu esplendor e não lhe vendam gato por lebre... 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Entrevista a LURDES SANTANA, a cantora que foi e veio: "NUNCA DEI UM MAU ESPECTÁCULO !"


Lurdes Santana é Touro. De signo. Nunca desiste das suas ideias. É cantora. Tem uma bela voz. Clara e limpa. Emigrou para França em 1971. Voltou há pouco para Portugal. Tem público em França e não só. Adora o seu País, os espectáculos, a música, o filho Julian, o "homem da sua vida" e está cheia de projectos para novos êxitos. E vêm aí surpresas. 
Vejamos. Melhor,  leiamos:

-- Lu, nasceste para a música?

-- NÃO SEI SE NASCI PARA A MÚSICA MAS SEMPRE GOSTEI MUITO DE OUVIR E CANTAR. É UM FACTO QUE A MUSICA ME TRANSFORMOU, ESPECIALMENTE DESDE 1991, DATA EM QUE COMECEI A FAZER  ESPECTÁCULOS E, MAIS TARDE, EM 1992, QUANDO GRAVEI O MEU PRIMEIRO TRABALHO EM CASSETE, COM O TITULO " MEU POVO ALEGRE".

-- O que te deu para começares a cantar?
-- EM FRANÇA, NO INÍCIO DOS ANOS 91, COMECEI COM UM CONJUNTO TÍPICO DE MUSICA PORTUGUESA CHAMADO "NOSTALGIA". OUVI NA RÁDIO QUE ESTE GRUPO PROCURAVA UMA VOCALISTA E APRESENTEI-ME PARA FAZER UM "CASTING". FUI COM A MINHA IRMÃ ZAZA E NO FIM FICÁMOS AS DUAS...

-- Cantarolavas quando eras miúda?

-- SEMPRE ADOREI CANTAR.  AINDA ME LEMBRO DE O MEU QUERIDO E FALECIDO PAI ME PROIBIR DE CANTAROLAR "A DESFOLHADA", DA SIMONE DE OLIVEIRA, POIS ELE CONSIDERAVA QUE ERA UMA CANÇÃO MUITO ADULTA PARA SER CANTADA POR UMA CRIANÇA. CANTAROLAVA TUDO QUE OUVIA NA RÁDIO. JÁ ERA O  BICHINHO  A ALICIAR-ME.

--  Quando pensaste em cantar a sério?
-- LEVEI DESDE SEMPRE O MEU TRABALHO NA MÚSICA MUITO A SÉRIO. TEMOS UMA GRANDE RESPONSABILIDADE FRENTE AO PÚBLICO E DEVEMOS RESPEITÁ-LO. É UMA ACTIVIDADE QUE NÃO É FÁCIL, CONTRÁRIO DO QUE MUITA GENTE PENSA. É DIFÍCIL CATIVAR O PÚBLICO PORQUE EXISTEM MUITOS GÉNEROS DIFERENTES DE PÚBLICO.

-- Foste influenciada por alguém nessa fase? 
-- SIM, ALGUNS ARTISTAS FASCINARAM-ME NO INÍCIO DA MINHA VIDA ARTÍSTICA, COMO LINDA DE SUZA, DALIDA, JÚLIO IGLÉSIAS, ENTRE OUTROS... 

-- Lembraste da tua primeira música?
-- CLARO QUE ME LEMBRO... INTITULAVA-SE "O MEU POVO ALEGRE" O MEU PRIMEIRO TRABALHO GRAVADO EM CASSETE. ERA UMA CANÇÃO MUITO ALEGRE QUE DESCREVE EXACTAMENTE O QUE É UM PORTUGUÊS.

-- A música era o teu maior amor? 
-- MAIOR AMOR NÃO DIRIA, MAS MAIOR PAIXÃO SEM DÚVIDA ALGUMA. ABRAÇO A MINHA CARREIRA HÁ 23 ANOS COM MUITO CARINHO E MUITA ESTIMA DO PUBLICO EM TODA A PARTE.

-- E se não tivesses ido por aí? Pela música, claro...
-- É A PRIMEIRA VEZ QUE ME COLOCAM ESTA PERGUNTA. PROVAVELMENTE TERIA CONTINUADO NA EMPRESA QUE ABRI NA ALTURA, ESPECIALIZADA EM SEGURANÇA COM CÃES OU TALVEZ COMO SECRETARIA DE DIRECÇÃO, O QUE FIZ DURANTE ALGUNS ANOS EM PARALELO COM A MUSICA. PARA MIM, NA ALTURA, A MÚSICA REPRESENTAVA UM SUPLEMENTO DA MINHA ACTIVIDADE PROFISSIONAL.

-- És mais conhecida em França que em Portugal, certo?
-- EM FRANÇA FUI MUITO CONHECIDA, POIS FOI LA QUE COMECEI A CANTAR AO LADO DE GRANDES NOMES DA MÚSICA PORTUGUESA. NO INÍCIO, FIZ A PRIMEIRA PARTE DE ALGUNS DELES E MAIS TARDE, JÁ COMO ARTISTA PRINCIPAL, ENCHIA AS SALAS. OS EMIGRANTES ERAM MUITO MAIS SAUDOSISTAS DO QUE HOJE E COMPRAVAM OS NOSSOS TRABALHOS.  HOJE, É MAIS DIFÍCIL, JÁ NÃO SE CONVIVE TANTO NAS ASSOCIAÇÕES PORTUGUESAS E OS JOVENS PREFEREM AS DISCOTECAS E BARES. 
FOI SÓ A PARTIR DE 1997 QUE COMECEI  A SER CONVIDADA PARA FAZER ALGUNS ESPECTÁCULOS EM PORTUGAL E TAMBÉM PROGRAMAS DE TELEVISÃO E RÁDIO. QUERO AGRADECER DO FUNDO DO CORAÇÃO A TODOS AQUELES QUE ACREDITARAM EM MIM E QUE PASSARAM MUITO AS MINHAS MÚSICAS. NÃO POSSO CITAR TODOS, MAS O PEDRO VIEIRA, DA RENASCENÇA, O JAIME FERREIRA DE CARVALHO, DA COMERCIAL, O ROGÉRIO BATALHA, DE MAFRA, ETC., A TODOS ELES FICO ETERNAMENTE GRATA.

-- É difícil estar fora do País? 

 -- GOSTO IMENSO DE PORTUGAL É O MAU PAÍS E SINTO MUITO ORGULHO DESTE PAÍS MARAVILHOSO ONDE EU NASCI. SOU "MOURA", DO  BAIXO ALENTEJO, UMA LINDA TERRA E TAMBÉM GENTE BOA. É A TERRA DOS MEUS PAIS E SINTO MUITO ORGULHO QUANDO LÁ VOU ACTUAR. SAIR, IR TRABALHAR PARA O ESTRANGEIRO É SEMPRE MUITO COMPLICADO.  DEIXAR O NOSSO PAÍS, OS AMIGOS E FAMILIARES É TRISTE.  MAS QUANDO SE TEM UMA ACTIVIDADE COMO A MINHA É  MAIS FÁCIL PORQUE  PODEMOS VOLTAR SEMPRE PARA MATAR AS SAUDADES E APROVEITAMOS PARA ENTRAR EM ALGUNS ESPECTÁCULOS.  OS MEUS PAIS EMIGRARAM PARA FRANÇA NOS ANOS 70; UM ANO DEPOIS FUI EU E A MINHA IRMÃ.  AINDA ME LEMBRO COMO FOI DIFÍCIL  DEIXAR OS MEUS AVÓS. MAS DEPRESSA ME HABITUEI.  COMECEI  A ESTUDAR,  FIZ AMIGOS E ESTAVA PERTO DOS MEUS PAIS ... MAIS TARDE CASEI COM UM FRANCÊS E NASCEU O MEU FILHO JULIEN, QUE ADORO.  MAS É  UM SENTIMENTO ESTRANHO  SENTIR-SE  OBRIGADO A DEIXAR O PAÍS ONDE VIVEMOS E DE QUE GOSTAMOS PARA IR TRABALHAR PARA UM LUGAR ESTRANHO. É PRECISO MUITA CORAGEM. POR ISSO ORGULHO-ME  MUITO DOS PORTUGUESES QUE AINDA HOJE O FAZEM ...

-- Parece-me que te apreciam muito em França. Verdade?
-- É VERDADE QUE A FRANÇA ME ABRIU OS BRAÇOS E ME DEU ALEGRIAS INFINITAS E QUE TENHO LÁ UM PÚBLICO FIEL QUE GOSTA MUITO DE ME OUVIR CANTAR.  JÁ ME ACARINHA HÁ 23 ANOS. NUNCA ENTREI NESTA PROFISSÃO  PARA SER UMA VEDETA. PELO CONTRÁRIO, SOU UMA PESSOA MUITO HUMILDE  E AMIGA DOS MEUS COLEGAS E AMIGOS. QUEM ME CONHECE SABE BEM QUE DIGO A VERDADE .... A HUMILDADE  É UMA GRANDE RIQUEZA. SABER ESTAR NO SEU LUGAR É MUITO IMPORTANTE. INFELIZMENTE MUITO BOA GENTE E ATÉ COLEGAS TENDEM  A ESQUECER ISSO. DEVERÍAMOS SER MAIS UNIDOS UNS COM OS OUTROS,  SEM CIÚMES NEM HIPOCRISIAS. 

-- A carreira tem sido um êxito económico também? 
-- LEMBRO-ME DE VIVER DA MÚSICA DURANTE DEZ ANOS QUANDO OS ESPECTÁCULOS, QUER EM PORTUGAL QUER NO LÁ FORA, APARECIAM SEM GRANDES DORES DE CABEÇA. HOJE JÁ NINGUÉM PODE DIZER O MESMO, A NÃO SER 2 OU 3 NOMES SONANTES QUE VÃO TENDO MAIS TRABALHO. MAS VIVER EXCLUSIVAMENTE DA MÚSICA TORNOU-SE MUITO DIFÍCIL DERIVADO À SITUAÇÃO CATASTRÓFICA QUE ESTAMOS A VIVER NO NOSSO PAIS. MAS LÁ FORA TAMBÉM SE COMEÇA A SENTIR A FALTA DE VERBAS PARA PAGAR OS ARTISTAS.

-- Qual foi o teu maior sucesso?
--  EU DIGO SEMPRE QUE O MEU MAIOR SUCESSO FOI QUANDO PISEI O PALCO PELA PRIMEIRA VEZ COMO PROFISSIONAL E JÁ LA VÃO 23 ANOS. MUSICALMENTE, ALGUMAS CANÇÕES PODIAM TER FEITO A DIFERENÇA. E ALGUMAS ATÉ FIZERAM NO MOMENTO, MAS NÃO O SUFICIENTE, TALVEZ POR FALTA DE UMA BOA EDITORA NA ALTURA QUE PUXASSE PELO SUCESSO QUE ELAS MERECIAM, POIS SEMPRE TIVE O CUIDADO DE ESCOLHER CUIDADOSAMENTE OS TEMAS. AS BOAS EDITORAS FAZIAM-SE PAGAR BEM CARO E POR ISSO QUASE SEMPRE PREFERI SER PROMOTORA, EDITORA E PRODUTORA. APESAR DISSO,  AINDA HOJE TENHO ABERTAS AS PORTAS DAS MELHORES RÁDIOS DO PAÍS E DE ALGUNS JORNAIS.
ACREDITO NO SUCESSO QUE PODE FAZER O MEU ÚLTIMO ÁLBUM QUE É COMPOSTO POR 11 TEMAS CANTADOS EM ESPANHOL, PORTUGUÊS E FRANCÊS E ESTOU A CONTAR COM O APOIO DAS RÁDIOS, ONDE ALGUMAS CANÇÕES JÁ TOCAM E NOS PROGRAMAS DE TV.

-- Mudaste muito o teu visual...Porquê?
-- TENHO MUITO CUIDADO COM A MINHA IMAGEM EM PALCO. GOSTO DE VARIAR OS ESTILOS E ATÉ A COR DO CABELO...AGORA  É LOIRO E ACHO QUE VOU MANTÊ-LO ASSIM. O MEU PUBLICO, AMIGOS E FAMILIARES APROVAM.

-- Muitos espectáculos e viagens programados para o futuro?
-- TENHO PERSPECTIVAS PARA VOLTAR A CANTAR NO ESTRANGEIRO, ONDE JÁ ACTUEI MUITAS VEZES EM LONDRES, FRANÇA, SUIÇA, ALEMANHA E MÓNACO, MAS GOSTAVA DE IR MAIS ALÉM FRONTEIRAS,  AO CANADÁ, MÉXICO, ESTADOS UNIDOS, BRASIL, ETC ... SERÁ A SURPRESA PARA 2014 ...

-- O teu próximo projecto qual é?
-- UM ARTISTA NUNCA PÁRA. NEM PODE. TEM QUE ESTAR SEMPRE COM NOVOS PROJECTOS EM MENTE E EU GOSTAVA DE GRAVAR EM 2014 UM SUPER ÁLBUM COM MUSICAS LATINAS EM ESPANHOL E PORTUGUÊS. SÃO MUSICAS QUE MEXEM COM A MINHA SENSIBILIDADE MUSICAL E NUNCA ESTÃO FORA DE MODA.

-- Qual o espectáculo do qual guardas melhores recordações?
-- TODOS OS MEUS ESPECTÁCULOS ME EMOCIONAM IMENSO.  NUNCA ME LEMBRO DE TER TIDO UM MAU ESPECTÁCULO. SÃO TODOS DIFERENTES, TALVEZ UNS MELHORES QUE OUTROS, DEPENDE DOS LOCAIS, DO  PÚBLICO OU SE TENHO BAILARINOS OU BAILARINAS. MAS FICAM SEMPRE EXCELENTES RECORDAÇÕES.

-- Os portugueses têm evoluído na música? 
-- DEVO SER SINCERA: A MÚSICA PORTUGUESA ESTÁ COM MAIS QUALIDADE. EXISTE, TALVEZ, MAIS CUIDADO NA ESCOLHA DAS LETRAS E DAS MÚSICAS E TAMBÉM PENSO QUE O PUBLICO É MAIS EXIGENTE.

-- Até quando em França?
-- ESTOU DE NOVO RADICADA EM PORTUGAL, MAIS PRECISAMENTE EM LISBOA, E NÃO PENSO  VOLTAR A VIVER  EM FRANÇA. IREI LÁ, SIM,  PARA TRABALHAR  SEMPRE QUE FOR SOLICITADA PELA COMUNIDADE PORTUGUESA. ASSIM TAMBÉM APROVEITO PARA MATAR SAUDADES DOS AMIGOS QUE LÁ DEIXEI.

-- A vida tem-te sorrido? 
-- NÃO GOSTO DE SER PESSIMISTA MAS SIM POSITIVA E NUNCA PERCO A ESPERANÇA QUE AMANHÃ PODE SER MELHOR. DENTRO DO POSSÍVEL SOU UMA LUTADORA PARA A VIDA. SOU DO SIGNO "TOURO" E, COMO TAL,  NÃO OLHO  NUNCA PARA TRÁS. PARA A FRENTE E QUE É O CAMINHO, SEMPRE COM FÉ EM DEUS, QUE  ME TEM AJUDADO BASTANTE. POR ISSO HOJE SOU O QUE SOU E SINTO-ME UMA MULHER MUITO FELIZ AO LADO DE UM HOMEM MARAVILHOSO QUE ME DÁ MUITA FORÇA E CORAGEM E PARTILHA CADA DIA DA MINHA VIDA .. ..
ESTOU MUITO FELIZ POR VOLTAR AOS PALCOS E RECUPERAR O LUGAR QUE DEIXEI. ESPERO QUE VENHAM ASSISTIR AOS MEUS ESPECTÁCULOS, QUE OUÇAM AS MINHAS CANÇÕES E QUE ELAS  VOS SIRVAM DE INSPIRAÇÃO. APELO  TAMBÉM À HUMILDADE E À SOLIDARIEDADE DE TODAS AS PESSOAS E ARTISTAS POR UMA VIDA MELHOR. FIQUEM, EM SUMA, ATENTOS AO NOME DE "LURDES SANTANA" E AO ÚLTIMO ÁLBUM... "E SE FALÁSSEMOS DE AMOR". 

Pois bem, falámos com a Lurdes Santana. Agora vamos ouvi-la. Ok? 


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Entrevista a ANABELA QUENTAL, directora da "BOA ESTRELA": "Devo ter costela de padre"


Anabela Quental é a directora da revista "Boa Estrela". Uma publicação do "outro mundo". Como ela. A Anabela, claro. Poderia ter sido uma estrela de cinema se os "caçadores de belezas" não andassem a dormir. Além disso é daquelas pessoas com quem se simpatiza não se sabe bem porquê. Mas pela foto adivinha-se uma noção do tal "porquê". Há 19 anos que se empenha na lufa-lufa de ter pronta para as bancas mais uma edição. Já vai nas 230. Mais ou menos. É obra. Ah, também escreveu o livro "Contos do Além". E agora o diálogo, não só separado pelas perguntas e respostas mas também pelo Acordo Ortográfico. Ela adotou-o mas eu não abdico do "p"... Pffff!

-- Como apanhaste o "bichinho" do Jornalismo?

-- Desde que me conheço por gente que gosto de escrever. Andava no liceu e fazia redações para os meus colegas- adequadas ao estilo de cada um deles. Em compensação eles passavam-me os testes de Matemática, mas nem a copiar conseguia tirar positiva… Entretanto fui continuando a escrever, trabalhei num Infantário 8 anos, mais 8 anos nas Páginas Amarelas, até que um dia, quando fiz 37 anos, disse para comigo: «ou sais agora e fazes aquilo de que gostas, ou então estás condenada a passar a vida inteira a ganhar bem, mas sem realizações!». E saí!

-- O que te levou a entrar num projecto como a "Boa Estrela"?

-- Mera coincidência. Fui a uma banca e comprei uma revista que costumava ler: a «Crónica Feminina». Pediam um fotógrafo. Como tinha tirado um curso de fotografia, resolvi ir à sede da revista e oferecer-me para o lugar. Falei com a diretora, que se mostrou recetiva, e disse-lhe que, caso quisesse, também poderia fazer os textos. Ela aceitou (embora nunca me tenham pago…), e posteriormente disse-me que havia uma empresa que estava a pedir um projeto para uma revista esotérica. Fiz o projeto da edição 0, que acabou por ser a edição nº 1. E já lá vão quase 20 anos…

-- É uma revista fora do que é normal ler-se, não achas?

-- Sim, de facto é. Mas os conteúdos têm imensa aceitação, até porque em outros países existem revistas idênticas.

-- Acreditas, no fundo, em tudo o que publicas?

-- Eu coloco-me sempre na posição de observadora. Seria de mau tom envolver-me, até por uma questão de equilíbrio pessoal.

-- Tens muita gente a pedir-te conselhos?

-- Muita! Mesmo os amigos mais chegados… Eu costumo dizer que devo ter uma costela de padre, porque toda a gente me confessa segredos. Até pessoas ligadas à televisão, cantores, atores, etc., guardam qualquer coisa para contar depois de eu desligar o gravador.

-- Alguns dos temas não os consideras contra-natura?

-- Porquê?... Tudo aquilo que é publicado tem fundamento! Mais «anti-natura» são as revistas que fazem primeiras páginas a invadir a privacidade alheia.

-- O que te levou a enveredar por essa temática?

-- Considero interessantes estas matérias, embora reconheça que se tornam cansativas, porque não há descanso. Mas aceitei o desafio, e fui por aí fora durante estes 19 anos, que passaram a correr.

-- És religiosa no sentido tradicional do termo?

-- Diria que não. De qualquer maneira, se há alguma religião com a qual me identifico um pouco, será com o Budismo.

-- Segues na prática o que aconselhas aos outros?

-- Normalmente não. Mas confesso que também não peço conselhos a ninguém- tento resolver os meus problemas sozinha. Bem ou mal, tenho-os resolvido!

-- Vês as pessoas como um todo ou individualizas?

Individualizo. Cada pessoa é diferente da outra; não existem duas pessoas iguais!

-- Essa tua filosofia de vida ajuda-te no dia-a-dia?

-- Sim, de certa forma. Mas nos poucos momentos que tenho livres tento libertar-me desses pensamentos (embora não seja fácil…)

-- És uma apaixonada pela arte e também pela arte de viver?

-- Sou mais apaixonada pela arte de viver do que propriamente pela arte. Sou extremamente curiosa e, por exemplo, quando viajo, prefiro falar com pessoas do que andar a ver museus.

-- A "Boa Estrela" vai ficar por aqui ou pretendes desenvolvê-la?

-- Sim, pretendo desenvolvê-la. É uma revista que tem milhares de leitores e que coordeno desde o início. Não pretendo desiludir os leitores!

-- És mais influenciada pela Filosofia ou pela Natureza?

-- Diria que por ambas… A natureza é o complemento da filosofia. E a filosofia é o complemento da natureza. Quando o espírito se ocupa com questões laborais, está mais influenciado pela filosofia. Quando se liberta, entra a influência da natureza.

-- Vives segundo dogmas ou ao sabor dos acontecimentos?

-- Completamente ao sabor dos acontecimentos! Evito pensar no passado e no futuro. Acho que as «recordações», por melhores que sejam, são sempre negativas.

-- Viveste alguma experiência "sobrenatural"?

-- Sobrenatural, não. Mas tive dois casos na minha vida que foram marcantes pela premonição que envolveram.

-- Tiveste conhecimento de alguma através de alguém?

-- Ui, tantos!!!... Aliás, escrevi um livro, «Contos do Além», que é baseado em relatos verídicos de histórias que me foram contadas- umas por pessoas amigas, outras por pessoas que mal conhecia.

-- Alguma te impressionou?

-- Acho que perdi a capacidade de me impressionar. Ouço, registo e guardo esses relatos na memória. Possivelmente para morrerem comigo, ou então para escrever muito mais livros.

-- Nesta altura de crise, também existencial, procuram-te mais?

-- Sim, de facto existe uma tentativa por parte das pessoas de procurar «socorro». Mas é curioso: procuram-me mais por motivos amorosos do que propriamente financeiros…

-- O que te falta realizar para te realizares plenamente?

-- Acho que o ser humano nunca está plenamente realizado… Quando tem dinheiro não tem amor, quando tem amor não tem saúde, quando tem saúde não tem dinheiro… Quando está bem há sempre alguém ao lado que sofre… Enfim, faz parte da natureza do homem estar sempre à procura de «algo mais». Tenho plena consciência de que nunca estarei realizada!

That´s all, folks! Por agora...