Assisti na madrugada passada a um excelente documentário da TVI sobre a presença das tropas portuguesas na Guerra do Afeganistão. Os soldados nacionais, 150 salvo erro, tropas de elite dos Comandos, Pára-quedistas e Fuzileiros, estão a formar sargentos para o exército afegão, em Cabul, na capital, longe dos locais onde os talibãs dominam os acontecimentos no terreno, embora numa guerra deste género não se esteja seguro seja onde for e já há a lamentar duas vítimas entre as nossas Forças Armadas desde o início do conflito.
A malta do nosso exército está bem e recomenda-se, cumpre o seu horário de trabalho durante o dia e depois senta-se em frente ao computador a comunicar com a família pela Internet, falando em directo com os pais, mulheres, namoradas, filhos, amigos, etc., e vendo, através do Skype, também os rostos e não apenas a voz de quem está ao alcance de um ecrã.
Os conflitos são todos iguais mas estas mordomias modernas ao serviço dos militares em missão fora do país fez-me recuar ao tempo da Guerra de África.
Nessa altura, sem internet, sem telemóveis, sem telefones por satélite, os inúmeros batalhões e companhias em Angola, Moçambique e na Guiné passavam praticamente dois anos no mato, isolados do mundo exterior, sem televisão quando mais estas modernices, esperando pelos célebres aerogramas com notícias desactualizadas no tempo pela demora da distância e da censura e escrevendo em resposta páginas de sentimentos e emoções nos intervalos das operações, das patrulhas e do dia-a-dia das bases.
Quantas vezes, nessa altura, quando chegava a desejada carta o destinatário já se encontrava morto; quantas vezes, nos programas de Natal da RTP os soldados que apareciam no ecrã desejando na curta mensagem à família "boas festas e até ao meu regresso" já deixara há dias o mundo dos vivos...
São as novas tecnologias aplicadas e utilizadas pelas forças de combate.
Pela minha parte, no entanto, preferia o método antigo. Que motivação sentiria para combater depois de ter estado horas antes a ver e a falar no Skype com uma pessoa querida? Nenhuma, obviamente...Por isso nem cartas escrevia...
Bem, mas passados quase 40 anos, agradou-me ver ainda em acção a velhinha espingarda G3, embora estas de coronha retráctil, e até senti saudades dela embora gostasse mais de usar as AK russas.
Há coisas que nunca mudam !
A Guerra em África
A Guerra no Afeganistão
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