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sexta-feira, 10 de junho de 2011

Dia de PORTUGAL é em 5 DE OUTUBRO

O usurpador do Dia de Portugal

Mal se instalou no poder, a I República, parida  a ferros da Revolução de 5 de Outubro de 1910 reordenou os feriados de Portugal. Em vez de se preocuparem com assuntos mais prementes para um país  arruinado, tal como agora, os neo republicanos perseguiram os padres, assediaram  as freiras, transformaram os mosteiros em juntas de freguesia e repartições públicas com funcionários corruptos e laicizou os dias de "folga" suplementar. O arco do poder saído das bocas dos canhões do comissário Machado dos Santos, na Rotunda, ainda sem o Marquês de Pombal e adeptos do Benfica ou do Sporting a festejarem títulos nacionais, claques muito mais violentos que a própria revolta maçónica, deixou aos municípios a autonomia para escolherem no calendário uma data comemorativa para o pessoal lixar ainda mais o défice e as contas públicas. É curioso como nessa altura não se encontrava por cá o FMI mas sim funcionários das  finanças inglesas a controlarem (e receberem) o imposto sobre o tabaco, o que originava uma cortina de fumo nas reuniões ministeriais. Em  Lisboa, o António Costa da época carimbou o 10 de Junho como o Dia de Camões e lá foram os alfacinhas para a praia de Algés com aqueles bikinis de gola alta ou para o campo trincar uns pastéis de bacalhau com arroz de tomate. Ou de grelos. Sem a pavorosa perspectiva de andarem dias e dias com a calças na mão até lerparem, como actualmente se arrisca com os pepinos assassinos, que começaram por ser distribuídos pela ETA agrícola espanhola e agora parece ser obra e graça da Al Qaeda leguminosa infiltrada na agricultura europeia. 
O dia 10 de Junho  assinala a morte do poeta Luís de Camões em 1580, o sacana do gajo que deu cabo do toutiço a tanta malta que até gostava de estudar, mas que desistiu com a seca das "armas e dos barões assinalados". O filho da mãe, sem ofensa para a senhora, bem podia ter ido além da Taprobana e por lá ter arrumado os trapos com uma oriental com pachorra para o aturar. Mas não, o homem tinha o diabo no corpo e mesmo zarolho e quase a afogar-se ainda conseguiu salvar os malfadados rascunhos d' Os Lusíadas, uma bicha interminável  de estrofes em linguagem cifrada e mais indecifrável que o Acordo Ortográfico impingido  aos portugueses para salvar algumas editoras da falência. No entanto, o Portugal além-Lisboa  enão atribuiu qualquer significado especial a esta data e passou por ela como cão por vinha vindimada. Os tótós que têm estado a (des)governar e a governar-se à custa de Lisboa desconhecem certamente que a cidade  foi conquistada aos Mouros em 24 de Outubro de 1147 por um tal  D. Afonso Henriques, com a mãozinha marota  de cruzados normandos, ingleses, normandos, galeses, flamengos e germânicos. O 24 de Outubro, obviamente, é que deveria ser o feriado municipal de Lisboa e não o estapafúrdio 10 de Junho...para não falar do 13 do mesmo mês. Mas, enfim, quando são os ignorantes que ascendem aos cargos públicos o resultado só pode ser asneira. Persiste, contudo,  o mistério de que cabecinha pensadora teria saído o raio da ideia de 10 de Junho Dia de Portugal... A realidade nacional caminha, trôpega, sempre desfasada da realidade histórica. 
Anos depois, o marechal Gomes da Costa trotou num cavalo branco de Braga até Lisboa pelas SCUT do 28 de Maio para desaguar no Estado Novo. Mais uma vez, para variar, a mania de mexer nas datas também deu a volta ao miolo à cabeça do Presidente do Conselho (que não aceitava conselhos de ninguém...) nos intervalos de fazer contas para safar  o país do colapso financeiro e económico. O ditador, o autocrata, o génio (como queiram) promoveu o 10 de Junho a Dia de Portugal, de Camões e da Raça. Lisboa, entretanto, mudou o seu feriado municipal para 13 de Junho, continuando a ignorar liminarmente o dia histórico de 24 de Outubro de 1147 e o azar heróico do pobre do Martim Moniz, que ficou entalado na porta do Castelo de S. Jorge para os cruzados cristãos  entrarem sobre o seu cadáver e massacrarem calmamente os tetravôs de Bin Laden. Se a capital mandou às malvas o seu dia mais importante de sempre, Portugal fez exactamente o mesmo em relação à sua fundação e o reconhecimento pelo rei de Espanha, já sem paciência para nos aturar, como estado independente, em 5 de Outubro de 1143, divórcio consumado com a assinatura do Tratado de Zamora. 
Em qualquer país normal, o dia nacional de Portugal seria a 5 de Outubro, não pela implantação da República ou também por isso e todos ficavam satisfeitos, e não a 10 de Junho. Mas a normalidade cá pela terra não é atributo que se recomende. Que diabo, será o dia da morte de um poeta galdério sempre apaixonado pelas mulheres dos outros e que em vez de as papar em silêncio, como qualquer cavalheiro que se preze, vinha lamentar-se em sonetos que os amigos lhe punham os palitos em vez de lhes enfiar um murro nas trombas,  mais importante que o dia da Independência? 
A Islândia orgulha-se de erguer no centro da capital Reykjavic a estátua de Leif Eiricsson, o Vermelho, o primeiro europeu a chegar à América, 500 anos antes dos livros de História atribuírem esse feito ao mercenário Cristóvão Colombo. Nós contentamo-nos com o Largo do Camões e a estátua polvilhada de cagadelas de pombo e, voilá, eis o nosso herói nacional. 
Não há ninguém no Mundo que não conheça George Washington, o general que conduziu os Estados Unidos à independência, mas, salvo meia dúzia de eruditos, para lá de Badajoz se perguntarem quem é esse tal Luís de Camões respondem que é centro-campista do FC Porto, presidente do Benfica, o treinador do Sporting ou o novo secretário-geral do Partido Socialista. 
A III República, depois do 25 de Abril, também ainda não se deu ao trabalho de mudar a data do Dia de Portugal para o sítio certo: 5 de Outubro. Pior, tem sido o dia em que os contrabandistas são elevados (?) a comendadores, os políticos agraciados por levarem o País à bancarrota, os cineastas de filmes que ninguém vê nem entende medalhados com a grã-cruz disto ou daquilo, mais uns parasitas da sociedade ornamentados com uns penduricalhos, uma ofensa aos verdadeiros heróis civis e militares de Portugal. A fechar a tragicomédia desta data ainda se grama como sobremesa com discursos metafóricos, redondos e evasivos dos sucessivos PR's que têm pelo menos a vantagem de serem tão imperceptíveis aos portugueses como aos finlandeses, tailandeses ou aos agora tão em moda paquistaneses e indianos. Chinesices!
E assim lá continuamos cantando e rindo em cada 10 de Junho. Até quando? 
Um verdadeiro herói do Dia de Portugal

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