Estava aqui o vosso amigo muito bem instalado a "netar" (um neologismo de vez em quando calha bem) quando me tocaram à campainha da porta. Lá fui ver quem me interrompia as viagens e as trabalheiras virtuais. Era uma mulher trinta e talona, loira artificializada num cabeleireiro qualquer, magra e uniformizada na Boutique Cigano. "Boa tarde, o que deseja?", perguntei-lhe. "Tenho a máquina de costura avariada e precisava de alguém que a reparasse", respondeu-me ela, esbracejando enquanto falava. "Muito bem, e o que tenho eu a ver com isso?", disse à senhora que me levantou imediatamente suspeitas quanto à veracidade da história. "Ah, sabe, disseram-me que o senhor é mecânico de máquinas de costura", prosseguiu ela, tentando olhar para o interior da casa, o que não permiti, ao tapar completamente a abertura da porta com o corpo. "Minha senhora, moro aqui há 30 anos e toda a gente sabe o que faço na vida", mostrando já a minha faceta antipática que não é propriamente muito...simpática. "Ah, se não é aqui é no andar de cima, ou ter-me-ei enganado no prédio", gaguejou a fulana, vendo que a mentira não estava a pegar nem eu para brincadeiras. "Então desande daqui, que está numa propriedade privada, e vá procurar um mecânico de máquinas de costura para outro lado", aconselhei-a com maus modos. "Desculpe, se calhar a pessoa que me indicaram fazia os trabalhos numa destas garagens e não sei qual é", tentou insistir ela. "Pois é, a senhora não sabe qual é porque nunca existiu aqui na zona qualquer oficina de reparações de máquinas de costura...E agora sai do prédio ou tenho de levá-la daqui para fora?". Ela sumiu-se num instante e deve ter ido contar a mesma história para outro lado.
É infalível. Nesta altura do ano em que já há muita gente de férias é mais do que certo o aparecimento de gente estranha com os mais diversos expedientes para controlarem os movimentos das casas e prepararem os assaltos às residências. São as "exploradoras" ou os "exploradores". Esta, da minha parte, já sabe com o que conta se andar com más ideias. E os/as amigos/as cuidem-se com esta gente.
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