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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

E acabou à...LAMBADA !


Na vida acontecem episódios que, tal como as telenovelas, se prolongam por anos a fio. Assim como nas intermináveis ditas cujas há uma multidão de figurantes a atrapalhar aquele final que facilmente se adivinha mas que é preciso prolongar até à exaustão. Aconteceu-me entrar na vida real numa dessas séries. Desde que nos conhecemos chispou uma tremenda atracção física mútua entre nós. Ao longo dos tempos, porém, erguiam-se sucessivamente barreiras que nos impediam de nos aproximar-mos como pretendíamos. Ou era amigo meu que namorava com ela -- e a rapaziada da noite naquela altura tinha códigos de honra severos -- ou era o meu serviço militar que me fez correr Seca e Meca, ou  ainda outras relações posteriores quer de um quer de outro que iam adiando o inevitável. 
Ela ainda me chegou a ir visitar ao Campo Militar de Santa Margarida, quando estava mobilizado para Angola, mas ia acompanhada do "respectivo" da altura. Naquela data encontravam-se lá aboletados cinco batalhões de "carne para canhão" pronta a ser exportada para África. Escusado será dizer o sucesso que Ela fez entre os milhares de homens e no final da visita tinha quase uma Companhia (120 homens) de tipos à minha volta a querer saber pormenores sobre a belíssima morena que estivera a conversar comigo cerca de uma hora no bar do meu batalhão.
De volta à vida civil eu e Ela fomos a festas, cinemas, farras, etc., mas como íamos acompanhados de "alguém", foi-se sempre protelando o desfecho da "coisa". 
Passaram-se mais de dez anos, nesse período houve namoros e casamentos pelo meio, até que um dia. Ou melhor, uma noite, um grupo de amigos se encontrou numa discoteca muito em voga na altura, perto da Avenida de Roma.
Eram os tempos áureos da "Lambada", aquela dança que dava vista a cegos, pernas a coxos, mãos a manetas e por aí fora...Encontrá-mo-nos lá. Por acaso estávamos os dois acompanhados mas não eram "casos" importantes. Eu não sou muito de dançar a não ser que algo de estimulante me proporcione esse prazer. Era Ela! Dançámos aquela música malandra quase até à exaustão. Os nossos cabelos e as nossas roupas colavam-se ao corpo com o suor de tantas voltas e reviravoltas...
De repente parámos. Fixámos o olhar um no outro. O mundo em nosso redor extinguiu-se. Saímos, deixando tudo e todos para trás e chegámos nem sei bem como a casa Dela. O carro foi um grande amigo nessa noite e levou-nos sem olharmos a estrada... Ela abriu a porta de casa...Eu nem sequer a fechei...Nessa noite, depois de tantos anos...
Houve "Lambada" !

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