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sábado, 12 de fevereiro de 2011

ANDAR AOS CAIXOTES DO LIXO

Sou um bocado distraído. Hoje, porém, acho que rebentei a escala. Trouxe o jantar para casa, um bem parecido linguado (peixe, claro...) com batatas cozidas e feijão verde, pão, um queijo de Azeitão e uma torta de chocolate. Mmmm. Tudo isto acondicionado em caixas de plástico e as ditas cujas dentro de um saco também da mesma matéria. Coloquei os petiscos em cima da arca congeladora e arrumei os detritos do almoço para dentro de outro saco. Feita a limpeza, abri a porte e fui à escada deitar o saco dos restos pela conduta do lixo. Terminada a operação-higiene preparei-me para dar ao dente. Abri o saco das pantagruélicas delícias e, ups, que aconteceu? Em vez delas deparei-me com os resquícios do almoço, caixas de cartão amarrotadas e latas vazias.
Não queria acreditar numa hipótese horrível que me passou pela cabeça. Depois de várias voltas pela cozinhas e respectivos apetrechos concretizaram-se os meus piores receios. Em vez de deitar pela conduta o saco do lixo  enfiara por aquela negra garganta funda o meu rico jantar. E não havia qualquer hipótese de substituí-lo tão rapidamente como a minha fome exigia. Desci pelo elevador, pedi as chaves da arrecadação do contentor do lixo à porteira, esgravatei pelo meio da montanha de sacos iguais aos meus até que, voilá, resgatei a minha querida refeição daquele antro malcheiroso e com sombras suspeitas de roedores de que me abstenho de escrever o nome.
"Vai comer isso, senhor António?", perguntou-me, incrédula, a porteira, com um trejeito de nojo no rosto.
"O que não mata, engorda, nunca ouviu dizer dona Joaquina?" -- respondi-lhe, à moda dos judeus. A uma pergunta responde-se com uma interrogação.
Só vos digo que o jantar me soube que nem gingas.
Amanhã se andar de calças na mão teclo-vos do WC..
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