A partir de amanhã tem de ser "engenheiro"...
O governo está a naufragar. Amanhã, 23 de Março, os partidos da Oposição vão deixá-lo estatelar-se estrondosamente na Assembleia da República. Porém, tal como aconteceu, com a tragédia do Titanic, a orquestra da propaganda continua a soar. Na iminência de se verem despojados dos seus majestosos cargos, os ministros do governo já dizem, angustiados, que negoceiam tudo e mais alguma coisa em relação ao PEC (Processo de Escravidão em Curso) IV, que as medidas apresentadas em Bruxelas afinal não o eram, que não passavam de simples traços gerais. Muito próximo de ficarem sem carros, ordenados e suplementos chorudos, cartões de crédito e telemóveis à custa dos contribuintes, os lobos da matilha do "animal feroz" travestiram-se de ovelhas mansas e fofas e suplicam por clemência pelos estragos que causaram a Portugal. Mário Soares, qual Egas Moniz com a corda ao pescoço, choraminga num artigo do "Diário de Notícias" por perdão ao PSD. Noutro acto de desespero, aprovou-se uma concertação social, há poucas horas, entre o governo, as confederações e a UGT, tudo correias de transmissão socialistas, unidos apenas pela anunciada queda do império rosa.
O teatro trágico da agonia dos privilegiados dos diplomas domingueiros, faces ocultas, freeports, covas da beira e outras manigâncias perderam repentinamente toda a sua altivez e arrogância. Surgem agora nos ecrãs das televisões com voz embargada, olhos vermelhos de lágrimas reprimidas e promessas de um mundo novo se os deixarem continuar nos seus ricos (literalmente) lugares. A vertigem do poder deixou-os inebriados durante seis anos. A perspectiva da partida dos seus palácios dourados e de começarem a trabalhar no país real deixa-os em pânico. A descida do pedestal do Olimpo para junto da multidão anónima assusta-os profundamente.
É pena não terem de pagar por todos os danos que causaram a Portugal.
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