A Dona Elsei Eiler
Monowi, um habitante !
Há nos Estados Unidos uma cidade chamada Monowi no estado do Nebraska. Quem não sonha com viagens ao país das oportunidades e das grandes metrópoles com mais de 10 milhões de habitantes como Nova Iorque, Los Angeles, Las Vegas, Chicago, San Francisco, ruas apinhadas de gente, os carros a entupir as ruas, as luzes de néon a colorirem a noite, os arranha-céus, enfim, um frémito de actividade e movimento que deixa um tipo de cabeça à roda com tanto luxo e ostentação. No início do século XX os imigrantes sicilianos que partiam para a rica América estavam convencidos de que as ruas estavam cobertas de ouro.
A grandiosidade de Nova Iorque, por exemplo, é tão substancial que nos ataques terroristas do 11 de Setembro de 2001 o Mundo (quase todo) comoveu-se como se fosse o seu próprio país a ser atingido pelas aeronaves que derrubaram as Twin Towers.
Até o nosso (salvo seja, meu não é...) primeiro-ministro José Sócrates se deixa seduzir pelo luxo de nova-iorquino e abastece o seu guarda-roupa numa loja exclusiva a clientes VIP's à custa dos nossos impostos e do FMI. Mas isso é outra conversa...
Se os meus amigos que têm a pachorra de me ler forem "turistar" aos Estados Unidos dêem um saltinho até ao estado do Nebraska e visitem Monowi. Porquê?
Lá encontrarão uma simpática septuagenária, Elsie Eiler, que o receberá de braços abertos e poderá passar com senhora uns dias inesquecíveis. No entanto, não procure mais ninguém nas seis ruas de Monowi. Nem na igreja, nem na charcutaria, nem na pastelaria, nem na escola ou na biblioteca da cidade. A razão é simples: a Dona Elsie Eiler é a única habitante da cidade de Monowi, fundada em 1900 e que chegou a ter uma multidão de 150 pessoas nos anos 30.
O dia-a-dia da Dona Elsie Eiler é tratar da casa, ir à igreja onde só tem Deus para lhe dar dois dedos de conversa, espera ao balcão da charcutaria por algum cliente perdido e ainda dá uma saltada à pastelaria não vá aparecer por ali um tipo a pedir um galão e uma bola de Berlim...
Ali é um sossego completo desde que o caminho-de-ferro deixou de passar pela localidade em 1971 porque os americanos não são doidos e não vão em tgv's, nem os terroristas vão lá despenhar aviões, nem sequer lá chegam as notícias das aldrabices político-contabilísticas do governo português que levou o país à bancarrota.
Portanto, se estiver stressado com a lufa-lufa da campanha eleitoral dos Sócrates, Coelhos, Portas, Louçãs ou Jerónimos, mais os comentários dos milhentos comentadores que se comentam até à náusea, dê uma saltada até Monowi e à agradável companhia da Dona Elsie Eiler. Eu de bom grado mandaria para lá metade do meu prédio, os embirrantes condóminos que marram por causa crianças, gatos, cães, plantas, pinturas, obras, fumos, cheiros e tudo o que podem pegar para chatear o juízo ao próximo, mas isso seria estragar o paraíso da Dona Elsie Eiler, coitada.
A terminar, só mais umas curiosidades. A Dona Elsie Eiler é a "mayor" (presidente da câmara) da cidade. Adivinhem como foi eleita...Claro...Votando nela própria...E também é "xerife", a autoridade local da terra, e se ela infringir a lei...prende-se a si própria...Dura lex sed lex !
Monowi, um habitante !
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